08 de mar de 2024 - 21:23:37

A equidade de gênero nas empresas é um assunto urgente que continua a desafiar o panorama corporativo, apesar dos avanços registrados. Enquanto a presença de mulheres nas organizações é reconhecida como uma vantagem para a diversidade e para os resultados, os números ainda mostram uma disparidade significativa entre homens e mulheres em cargos de liderança e em remuneração. Especialistas apontam que, embora haja um crescente reconhecimento dos benefícios da diversidade de gênero, a implementação de medidas efetivas para alcançar a igualdade ainda está aquém do necessário.

Dados recentes revelam que as mulheres continuam a receber salários cerca de 20% inferiores aos dos homens e ocupam menos cargos de alta liderança. Mesmo empresas listadas em bolsa, que deveriam ser líderes em práticas de governança corporativa, ainda apresentam números preocupantes: mais da metade delas não possuía nenhuma mulher em cargos da diretoria estatutária até 2023. Embora haja uma melhora em comparação com anos anteriores, a evolução ainda é insuficiente.

Além disso, a falta de representatividade feminina nos conselhos de administração e em cargos executivos é um problema persistente, refletindo uma cultura organizacional que ainda não reconhece totalmente o valor das mulheres na tomada de decisões estratégicas. A diversidade de gênero não é apenas uma questão de justiça social; também é crucial para o desempenho empresarial. Estudos demonstraram que empresas com uma força de trabalho diversificada tendem a superar seus pares em termos de inovação, colaboração e resultados financeiros.

Ainda assim, muitas empresas no Brasil continuam a enfrentar desafios significativos na promoção da igualdade de gênero. Pesquisas indicam que a maioria das mulheres acredita que precisam ser mais qualificadas do que os homens para alcançar cargos de liderança e que enfrentam discriminação e desigualdades salariais no mercado de trabalho. O fenômeno do "teto de vidro" persiste, limitando o avanço das mulheres para cargos de alta liderança.

A situação é ainda mais grave para as mulheres negras, que enfrentam uma dupla discriminação baseada em gênero e raça. Elas são as mais afetadas pela disparidade salarial e têm menos oportunidades de avanço na carreira em comparação com suas colegas brancas. O racismo estrutural continua a ser um obstáculo significativo para a inclusão e a equidade no mercado de trabalho.

Para mudar esse cenário, as empresas precisam adotar medidas concretas para promover a diversidade e a igualdade de gênero. Isso inclui revisar políticas de contratação, implementar programas de capacitação e desenvolvimento para mulheres, e criar uma cultura organizacional que valorize a inclusão e o respeito mútuo. Além disso, é essencial que as empresas reconheçam e abordem o viés de gênero e raça em suas práticas de gestão.

Em última análise, a equidade de gênero não é apenas uma questão de justiça, mas também de eficiência econômica e competitividade empresarial. À medida que o Brasil avança em direção a uma economia mais inclusiva e diversificada, é fundamental que as empresas desempenhem um papel ativo na promoção da igualdade de gênero e na criação de oportunidades equitativas para todos os seus colaboradores.

 Por: Melquiseque J Santos