SP confirma duas mortes e casos suspeitos após consumo de bebida falsificada
29 de set de 2025 - 13:57:38

Por: Melquisedeque J Santos 

São Paulo confirmou nesta semana duas mortes ligadas ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol, um solvente industrial altamente tóxico. As vítimas foram um homem de 54 anos, na capital, e outro de 38 anos, em São Bernardo do Campo. Além dos óbitos, a Secretaria de Estado da Saúde já confirmou seis casos de intoxicação e outros dez estão sob investigação, a maioria na capital paulista. O alerta se estendeu também ao interior: nos últimos dias, pelo menos sete pessoas foram internadas em Limeira e Bragança Paulista após ingerirem bebidas suspeitas em bares e festas.

O cenário preocupa autoridades porque os casos ocorreram em ambientes sociais, com diferentes tipos de bebidas falsificadas, como gin, uísque e vodca, o que demonstra a ação de uma rede criminosa organizada. O Ministério da Justiça, por meio da Senacon, emitiu uma nota técnica urgente recomendando a comerciantes e consumidores atenção redobrada. Entre as orientações estão verificar o lacre e a impressão do rótulo, desconfiar de preços muito abaixo do mercado e denunciar produtos suspeitos. A Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) e a Associação Brasileira de Neuroftalmologia (ABNO) reforçaram o alerta: pequenas doses de metanol podem provocar cegueira irreversível, falência de órgãos e até a morte.

Os sintomas iniciais incluem náuseas, vômito, dor abdominal, visão turva, sonolência e dificuldade para respirar. Muitas vezes, os sinais aparecem horas após a ingestão, atrasando o diagnóstico e complicando o tratamento. Especialistas recomendam procurar imediatamente um pronto-socorro em qualquer suspeita de intoxicação, informando aos médicos a possibilidade de consumo de bebida adulterada.

Até o momento, não há registros confirmados no litoral de São Paulo nem no Vale do Ribeira, mas autoridades de saúde não descartam a circulação dessas bebidas em regiões turísticas e pedem cautela. A suspeita é de que o metanol usado no batismo de combustíveis esteja sendo desviado para a adulteração de bebidas alcoólicas, numa operação que envolve o crime organizado e abastece o mercado clandestino.

A gravidade do caso expõe uma fragilidade estrutural: a fiscalização precária e a vulnerabilidade do consumidor diante da expansão do comércio ilegal. Enquanto bares, festas e pequenos comércios continuam sendo alvos da investigação, a população deve se manter atenta. Mais do que um problema de saúde pública, a crise das bebidas adulteradas revela um retrato preocupante de como o crime organizado consegue atravessar fronteiras, se infiltrar em cadeias de consumo e colocar vidas em risco.