Cruzamento de dados, investigação e trabalho de campo: o caminho para a apreensão de 2t de cocaína
17 de mar de 2025 - 15:49:54

O crime organizado sofreu um prejuízo estimado em mais de R$ 30 milhões após a Polícia Civil apreender, no último sábado (15), duas toneladas de cocaína que estavam sendo transportadas em um veículo de coleta seletiva em Guarujá, no litoral de São Paulo. A ação foi fruto de um intenso trabalho investigativo da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Santos, que há cerca de dois anos monitora rotas do tráfico na Baixada Santista.

Esse flagrante é resultado de uma metodologia que combina cruzamento de dados, inteligência artificial e trabalho de campo, permitindo a identificação de padrões criminosos e a interceptação das operações antes da distribuição das drogas.

Investigação detalhada e ação estratégica

Segundo o delegado Leonardo Rivau, da 2ª Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes da Deic, a investigação levou à descoberta de automóveis com fundos falsos e imóveis usados para armazenamento e distribuição de drogas. A partir da apreensão de 220 quilos de entorpecentes em um imóvel no Guarujá, as equipes seguiram rastros que os conduziram até um galpão no bairro Jardim Boa Esperança.

No local, três suspeitos estavam descarregando cerca de dois mil tijolos de cocaína quando foram surpreendidos pelos policiais. Um dos indivíduos já possuía mandado de prisão em aberto. O grupo utilizava um caminhão de reciclagem para transitar pelas comunidades da Baixada Santista sem levantar suspeitas.

"Esse veículo entrava e saía das comunidades transportando as drogas de maneira disfarçada. Fomos acompanhando os trajetos e conseguimos realizar o flagrante", explicou o delegado Rivau.

Tecnologia e inteligência policial

A tecnologia tem sido uma aliada fundamental nas investigações. O Programa Muralha Paulista, criado para monitorar a mobilidade criminal no estado de São Paulo, desempenhou um papel essencial nessa operação. Com câmeras de segurança integradas e inteligência artificial, o sistema cruza informações de diferentes bases de dados para mapear atividades suspeitas.

"O Muralha Paulista se tornou nosso principal instrumento na identificação das rotas do tráfico e dos pontos de abastecimento de drogas. A partir da análise de imagens, conseguimos determinar os veículos usados para a distribuição de entorpecentes", destacou o delegado.

Programa Muralha Paulista e o combate ao crime

Criado pelo decreto nº 68.828, de 4 de setembro de 2024, o Programa Muralha Paulista tem como objetivo controlar a circulação do crime organizado no estado de São Paulo. A iniciativa permite a identificação de até 18 tipos de comportamentos ilícitos por meio do cruzamento de dados, uso de IA e reconhecimento facial.

O programa opera a partir de informações fornecidas por chamadas ao 190, boletins de ocorrência e análises estratégicas. A integração tecnológica entre municípios e estados amplia a capacidade de investigação e resposta da polícia. Além disso, novas bases policiais e aplicativos de segurança garantem maior eficiência nas operações de combate ao crime.

Com o fortalecimento dessas estratégias, São Paulo se torna um território cada vez mais hostil para o crime organizado, dificultando a atuação de traficantes e garantindo mais segurança para a população.

 Por: Melquisedeque J Santos

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