“Pensar diferente”
04 de nov de 2023 - 10:27:35

Na penumbra de uma igreja antiga, entre bancos de madeira gastos pelo tempo e o silêncio que apenas os templos sabem guardar, ecoou um pensamento profano e ao mesmo tempo sagrado. "Eu pensei diferente," murmurou uma alma entre os pilares de fé e pedra.

Pensar diferente. Duas simples palavras que, no seio das igrejas, podem soar como um trovão em céu claro. No entanto, para esta alma corajosa, pensar diferente não foi uma rebelião contra a divindade, mas um ato de amor por ela. Afinal, foi o Criador quem fez o homem à Sua imagem e semelhança, dotando-o de razão, sentimento e livre-arbítrio.

"Ideias diferentes fazem transformações fantásticas." Quantas vezes a história sagrada não nos contou sobre aqueles que, munidos de um novo pensar, foram capazes de mudar o curso dos rios da história? Profetas, santos e mártires - não foram todos eles, a seu modo, pensadores diferentes?

Porém, há um preço a pagar quando se desafia o status quo, quando se opta por não carregar os dogmas humanos que aprisionam. Essa alma sabia que a liberdade de pensamento era uma escolha solitária, que poderia afastá-la da comunhão daqueles que preferem a segurança das amarras às incertezas do mar aberto.

Escolher pensar diferente não significava abandonar a essência da palavra de Deus; pelo contrário, era uma tentativa de retornar a ela. Longe das interpretações e reinterpretações humanas, da manipulação eclesiástica que tantas vezes se distanciava da simplicidade do amor e compaixão que a divindade pregava.

E assim, no íntimo daquele templo, uma decisão foi tomada. A decisão de se libertar, de procurar uma fé que não fosse medida por dogmas, mas pela capacidade de amar e ser livre. A liberdade verdadeira não estava nos tetos altos da igreja, mas no céu aberto que ela buscava através da janela.

E, talvez, este seja o crime supremo para alguns: buscar Deus por vias que não foram trilhadas, que não foram aprovadas pelos homens que se proclamam seus representantes na Terra. Mas, para esta alma pensante, não havia crime algum em buscar a verdadeira comunhão com o sagrado, uma comunhão não mediada por terceiros, mas vivida no coração.

A crônica dessa alma é um convite a todos nós. Um convite para que, respeitando a tradição, não tenhamos medo de buscar o divino com o coração aberto e a mente livre, para que possamos, cada um à sua maneira, encontrar nossa própria maneira de viver e expressar nossa fé.

Autor: Melquisedeque J Santos

Veja o video abaixo: