O Papa Francisco emitiu hoje uma forte condenação à crescente repressão à Igreja Católica na Nicarágua pelo governo do presidente Daniel Ortega. A detenção de mais dois padres católicos seniores nas últimas horas elevou as tensões entre o Estado e a Igreja em um país que enfrenta uma crise de direitos humanos e liberdades civis.
Os padres Carlos Aviles e Hector Treminio, intimamente ligados ao líder católico do país, foram presos por terem orado publicamente pelo bispo Rolando Alvarez, que está atualmente detido. Este último foi condenado a uma pena de 26 anos de prisão este ano, sob acusações de traição, devido a suas críticas contundentes ao governo de Ortega e à repressão violenta dos protestos em massa em 2018.
A tendência de perseguição à Igreja Católica na Nicarágua começou em abril de 2018, após manifestantes, em sua maioria estudantes, saírem às ruas para protestar contra reformas no sistema público de pensões e exigir reformas democráticas. As manifestações foram uma resposta à deterioração das condições econômicas no país e à crescente autoritarismo do governo de Ortega, marcado pelo nepotismo e pela repressão.
Na época, o governo de Ortega solicitou a mediação da Igreja Católica nos primeiros dias dos protestos, mas a administração também recorreu à força brutal contra os manifestantes e, posteriormente, contra o clero católico. O clero apoiou os direitos dos manifestantes de protestar pacificamente e forneceu refúgio aos que fugiram da violência.
Desde então, o governo de Ortega tem acusado os padres de conspirar para derrubá-lo. Os bispos católicos pediram justiça para as vítimas dos protestos e a realização de eleições antecipadas, o que agravou ainda mais as tensões entre a Igreja e o governo.
Em 2023, o governo da Nicarágua fechou uma universidade jesuíta em Manágua, o que levou o líder mundial da ordem religiosa a acusar Ortega de tentar "sufocar" a Igreja Católica e as instituições cívicas do país.
Em sua mensagem dominical e bênção na Praça de São Pedro, o Papa Francisco expressou sua preocupação com a situação na Nicarágua e pediu que o caminho do diálogo fosse seguido para superar as dificuldades. A comunidade internacional continua a acompanhar de perto a situação na Nicarágua, com crescente preocupação com os direitos humanos e a liberdade religiosa no país centro-americano.
Por: Melquisedeque J Santos
