No dia a dia da vida urbana, o vai e vem frenético das pessoas, seus compromissos, sonhos e frustrações, existem aqueles personagens que marcam presença, não por seu brilho, mas pela sombra que projetam: os ingratos.
Cada um de nós, em algum momento, já cruzou com alguém assim. Aquele amigo que estendemos a mão, oferecendo abrigo nos dias de tempestade, ou aquele colega para quem dedicamos horas extras de ajuda para compreender um projeto e seguir em frente. Oferecemos nosso tempo, nossa empatia, nossos recursos e, muitas vezes, parte de nossa alma na esperança de ajudar, aliviar ou até mesmo transformar a trajetória de alguém.
Entretanto, a ingratidão aparece de repente, quando menos esperamos. Tão logo o sol volte a brilhar para estas pessoas, elas partem, muitas vezes sem um simples "obrigado", deixando para trás o vazio de quem sente que foi usado.
É doloroso reconhecer que, após termos sido a boia de salvação de alguém, esse mesmo alguém opta por abandonar o barco assim que vê terra firme. Pode ser a ausência de uma ligação, uma mensagem ignorada ou, pior, a escolha de se aliar àqueles que antes eram vistos como adversários.
Mas, ao enfrentarmos essa realidade, é fundamental não nos fecharmos. Não podemos deixar que a ingratidão alheia transforme nossa disposição em ajudar, em amparar. A ingratidão, por mais dura que seja, nos ensina sobre o valor da sinceridade e nos faz refletir sobre nossas expectativas.
Talvez, no fundo, o grande aprendizado seja entender que cada ser humano tem sua jornada, seus demônios e suas escolhas. E que, por mais que desejemos ser reconhecidos, a verdadeira recompensa está no ato genuíno de ajudar, sem esperar nada em troca.
Aos ingratos que existem e estão aí, fica o silencioso agradecimento por nos lembrar da importância de valorizarmos a nós mesmos, os sinceros e os leais que estão ao nosso lado. E que nossa gratidão seja sempre maior que qualquer decepção.
Por; Melquisedeque J Santos
