A Reforma Protestante foi um divisor de águas na história do cristianismo e na história mundial, sendo um grito contra as práticas corruptas e os ensinamentos distorcidos que prevaleciam na Igreja Católica da época. Martinho Lutero, o catalisador deste movimento, almejava uma reforma interna da Igreja, buscando resgatar os ensinamentos puros e fundamentais do cristianismo.
Suas 95 teses, afixadas na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg em 1517, desafiavam a venda de indulgências e colocavam em xeque a autoridade papal, defendendo que a salvação era alcançada pela fé, e não por obras ou pelo pagamento de indulgências.
A Reforma Protestante, no entanto, transcendeu as intenções iniciais de Lutero e levou à criação de várias denominações cristãs que se afastaram da Igreja Católica, estabelecendo novos padrões de culto e teologia. O movimento reformista defendia a leitura direta das Escrituras, a pregação da palavra e a simplicidade no culto, afastando-se das práticas consideradas corruptas e das tradições que não encontravam respaldo bíblico.
Agora, séculos depois, é possível observar que a igreja evangélica, herdeira desse legado reformista, encontra-se em um delicado momento de autoavaliação. Os escândalos financeiros que têm eclodido em diversas denominações evangélicas evidenciam uma distorção dos valores que deveriam pautar a comunidade cristã. A falta de preparação teológica dos líderes, somada ao abuso de poder e à centralização da liderança, levanta questionamentos sérios sobre a saúde espiritual e administrativa dessas igrejas.
A crise de credibilidade enfrentada pela Igreja Católica no passado encontra paralelos contemporâneos no meio evangélico. A necessidade de uma reforma se faz presente, e ela deve começar pelo resgate dos princípios bíblicos e pela busca sincera de uma liderança íntegra, transparente e comprometida com o verdadeiro evangelho de Cristo.
É imperativo que a igreja evangélica contemporânea olhe para o seu passado reformista não apenas como uma herança histórica, mas como um espelho para o seu presente.
A Reforma Protestante não foi apenas um evento, mas um movimento contínuo de retorno às Escrituras, de questionamento das tradições humanas e de busca pela verdade. Assim, a igreja de hoje deve se espelhar nesse legado, buscando constantemente a reforma e renovação de suas práticas, de sua teologia e de sua liderança.
A reforma necessária na igreja evangélica contemporânea é uma reforma de corações e mentes, um retorno ao evangelho simples e puro de Cristo, um compromisso com a justiça e a integridade, e uma rejeição de todas as formas de exploração e abuso. Só assim a igreja poderá ser fiel à sua vocação e ser um farol de esperança e verdade em um mundo cada vez mais carente desses valores.
Neste contexto, o papel do jornalista é fundamental. É necessário investigar, questionar e denunciar as práticas corruptas, contribuindo para uma igreja mais íntegra e fiel à sua missão. A ética jornalística e o compromisso com a verdade são ferramentas indispensáveis neste processo de reforma e renovação.
Por: Melquisedeque J Santos
