20 de set de 2023 - 11:08:43

Na história da Assembleia Geral das Nações Unidas, uma tradição notável persiste desde 1955: o Brasil é o país responsável por fazer o discurso de abertura. Esta tradição, embora não oficial, é profundamente enraizada e traz consigo uma história rica e relevante para entender o papel do Brasil na ONU e sua relação com Israel. Neste artigo, exploraremos por que o Brasil desfruta desse privilégio e como isso se relaciona com a criação do Estado de Israel e a figura de Oswaldo Aranha.

O Brasil foi um dos Estados fundadores das Nações Unidas e o primeiro país a aderir à organização. Isso, por si só, não garante o privilégio de abrir a Assembleia Geral, mas demonstra o compromisso precoce do Brasil com a causa da cooperação internacional. No entanto, a razão fundamental por trás dessa tradição remonta a Oswaldo Aranha, um notável diplomata brasileiro.

Oswaldo Euclides de Souza Aranha, nascido em 1884 em Alegrete, Rio Grande do Sul, desempenhou um papel crucial nas primeiras sessões da ONU. Ele se formou em Direito no Rio de Janeiro em 1916 e, ao longo de sua carreira, ocupou importantes cargos no governo brasileiro, incluindo Ministro da Justiça e da Fazenda e embaixador em Washington.

Um dos momentos mais marcantes da carreira diplomática de Aranha ocorreu em 1947, quando ele presidiu a primeira sessão especial da Assembleia Geral da ONU e a segunda sessão ordinária no mesmo ano. Nessas reuniões, o Brasil apoiou ativamente a criação do Estado de Israel, uma resolução histórica que teve um impacto duradouro no Oriente Médio.

Em reconhecimento ao papel desempenhado por Aranha, o Brasil começou a abrir os discursos da Assembleia Geral da ONU a partir de 1955. Esta tradição honrada estabelece que o representante do Brasil seja o primeiro a discursar, seguido pelos Estados Unidos, que são o anfitrião. Para todos os outros países, a ordem de discurso é determinada com base em vários critérios.

A relação entre o Brasil e Israel tem raízes profundas, que remontam à votação histórica na ONU em 1947. A posição pró-Israel do Brasil naquela época solidificou laços diplomáticos entre os dois países. Embora a abertura da Assembleia da ONU pelo Brasil não seja diretamente relacionada ao papel de Israel, é um símbolo da influência duradoura que essa resolução teve na política externa brasileira.

A tradição de o Brasil abrir a Assembleia Geral da ONU desde 1955 é um tributo à figura de Oswaldo Aranha e ao compromisso histórico do Brasil com a cooperação internacional. A relação entre o Brasil e Israel, marcada pela votação favorável à criação de Israel em 1947, também desempenhou um papel importante nessa tradição.

A preservação dessa tradição serve como um lembrete das raízes profundas da diplomacia brasileira e de sua contribuição para a cena internacional. À medida que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se prepara para discursar novamente na Assembleia Geral da ONU, é uma oportunidade para relembrar essa história e seu significado.

Por: Melquisedeque J Santos