De Igreja em Igreja: A Religião Como Meio e Não Como Fim
30 de set de 2023 - 10:32:44

Em tempos modernos, onde a imediatidade e a cultura do “eu” dominam, o fenômeno de transição de fieis de uma igreja para outra não apenas reflete a nossa dificuldade em encontrar um propósito genuíno, mas também ilustra a distorção de um pilar fundamental da fé: a busca pela conexão com o divino. Em vez disso, essa mudança se torna uma busca insaciável por reconhecimento, cargos e posições.

Essa migração religiosa, motivada por “arranjos pessoais”, mais se parece com um mercado de negociações do que com um encontro sincero com Deus. As promessas de “novas oportunidades” em outras congregações atuam como chamarizes, principalmente para aqueles que carregam desapontamentos e sentimentos de inferioridade em suas igrejas de origem.

E em meio a essa busca, os pseudos profetas se erguem, armados com suas falsas promessas espirituais, tirando proveito da fragilidade de quem busca algo mais. Muitos destes fieis, emaranhados em conflitos pessoais e familiares, são levados a crer que uma nova posição eclesiástica em outro lugar pode ser a solução mágica para todos os seus problemas.

A ilustração do náufrago, que mesmo em completa solidão construiu duas cabanas de igreja, é um retrato irônico e profundo desse comportamento. Ela nos mostra que, mesmo na mais absoluta solidão, o ser humano pode continuar carregando consigo a mania de separação, de divisão, de busca por algo externo para justificar seus conflitos internos. O náufrago, em sua ilha, reflete o que muitos fazem em meio à sociedade: trocam de igreja como quem troca de roupa, em busca de algo novo, sem perceber que o novo deve surgir de dentro.

É inquietante ver tantos cristãos saltando de uma congregação para outra, colocando a culpa nos outros, seja no pastor, no louvor ou na comunidade. Mas, como Jeremias 17:9 nos lembra, o coração humano é enganoso. Muitas vezes, a insatisfação não está na igreja, mas em nós mesmos.

A essência da religião é a conexão com o divino, a introspecção, o amor ao próximo e o crescimento espiritual. Se a motivação para a mudança é meramente alcançar uma posição ou satisfazer o ego, então estamos perdendo o verdadeiro significado da fé. E precisamos nos questionar: estou buscando Deus ou estou buscando apenas a mim mesmo? A resposta a essa pergunta pode ser um divisor de águas em nossa jornada espiritual.

Por: Melquisedeque J Santos