Em um mundo dominado por estímulos constantes e uma torrente de informação sem fim, parece que tudo precisa gritar para ser ouvido. A sociedade moderna se tornou inebriada pela busca pelo sensacional, em detrimento da apreciação da pura sensação. Este é um fenômeno que atravessa vários aspectos da vida, mas uma transformação particularmente notável ocorreu no domínio da fé.
Originalmente, a fé era uma experiência de sensação. Estava ligada a momentos silenciosos de reflexão e conexão, a um toque gentil de reconhecimento ou a palavras faladas com uma convicção silenciosa. Sentia-se a fé nas pequenas ações cotidianas que alimentavam uma conexão pessoal com o divino. Era uma experiência subjetiva e íntima, profundamente sentida mais do que ruidosamente proclamada.
No entanto, na sociedade atual, parece que a fé se tornou algo sensacional. Mais do que apenas sentir, falar ou tocar, a fé agora parece exigir um espetáculo grandioso para ser considerada genuína. Igrejas e rituais de fé transformaram-se em experiências que aspiram ao extraordinário, buscando constantemente maneiras novas e mais dramáticas de provocar a admiração das pessoas.
Esta mudança para o sensacional é, em parte, um reflexo do ritmo frenético da sociedade atual. Vivemos em uma era em que a atenção é uma moeda valiosa e tudo precisa ser grandioso para se destacar na multidão. A cultura de consumo e a necessidade de experiências sempre novas e estimulantes influenciaram nossa percepção da fé.
No entanto, neste alvoroço sensacionalista, podemos estar perdendo a essência da fé. A fé não precisa ser barulhenta ou chamativa para ser poderosa. Pode ser encontrada na simplicidade de uma oração murmurada, no toque reconfortante de um ente querido, na quietude de um momento de reflexão.
A fé é uma experiência subjetiva e pessoal, e o espetáculo sensacionalista não pode substituir a profundidade de uma conexão espiritual verdadeira e sincera. Precisamos lembrar que a fé, em sua forma mais pura, ressoa conosco em um nível pessoal e não precisa ser grande ou chamativa para ser válida.
Em uma era de sensacionalismo, devemos fazer um esforço consciente para revalorizar a sensação. Precisamos buscar um equilíbrio entre a espetacularidade do sensacional e a beleza tranquila da sensação. Apenas assim poderemos experimentar a fé de uma maneira que seja verdadeira para nós e profundamente enriquecedora.
Autor: Melquisedeque J Santos
