Pesquisadores destacam que a forma como os seres humanos interagem com o meio ambiente e lidam com os efeitos das mudanças climáticas desempenha um papel crucial no aumento dos riscos de contato com agentes causadores de doenças, como vírus e bactérias. Ao longo do século XXI, o mundo testemunhou o surgimento de diversas doenças, algumas novas e outras já conhecidas, incluindo a Covid-19, gripe aviária, mpox, Ebola, chikungunya e Marburg.
Embora não haja consenso entre os epidemiologistas sobre as causas desse aumento de doenças, os pesquisadores apontam para o modo como os seres humanos afetam o meio ambiente e as mudanças climáticas como fatores-chave. Um exemplo é o caso da Covid-19, em que estudos sugerem que o contato inicial com animais vendidos em um mercado em Wuhan, na China, pode ter sido a causa inicial da pandemia. Outras pesquisas relacionam o surgimento da doença a uma mutação do vírus presente em morcegos, que adquiriu a capacidade de infectar seres humanos.
Recentemente, durante a 76ª Assembleia Mundial da Saúde, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, enfatizou a importância da preparação dos países para enfrentar novas emergências de saúde. Ele alertou para a ameaça de surgimento de variantes que causam surtos e mortes, bem como a possibilidade de novos patógenos emergentes com potencial ainda mais letal. Segundo ele, as pandemias não são a única ameaça enfrentada pelo mundo, e a preparação e resposta a emergências de saúde devem abordar todos os tipos de crises.
Apesar desse alerta, algumas críticas surgiram nas redes sociais, questionando se o tom adotado pela OMS seria mais alarmista do que precaucionista. alguns especialistas em saúde pública que acompanharam de perto o surgimento da Covid-19 para obter informações detalhadas sobre como os países podem se preparar para uma nova emergência sanitária global.
Júlio Croda, médico infectologista da Fiocruz e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), destaca a importância de desenvolver planos de ação que contemplem protocolos para lidar com a disseminação de doenças novas ou reemergentes. Isso envolve vigilância, notificação, diagnóstico, isolamento, tratamento, expansão de leitos e ampliação de testagem.
Embora as ameaças sempre existam, é fundamental que os países estejam preparados para responder a emergências de saúde, desenvolvendo planos de contingência, fortalecendo a vigilância epidemiológica e adotando medidas preventivas para proteger a população contra o surgimento de novas doenças. A cooperação internacional e a adoção de uma abordagem abrangente são essenciais para enfrentar esses desafios de saúde global.
Por: Melquisedeque J Santos
