Aos 53 anos, Marcos Pereira Paschoa, morador de Iguape, no litoral sul paulista, conquistou o 3º lugar no 2º Salão de Presépios do Vale do Ribeira, entre 21 artesãos participantes, somando 217 pontos. A colocação lhe garantiu não apenas reconhecimento regional, mas também reafirmou o valor da arte feita à mão como expressão de fé, memória e identidade cultural.
Marcos não esculpe apenas peças: ele esculpe silêncio em tempos barulhentos. Em seu pequeno ateliê, cada presépio nasce como quem nasce de uma oração. A madeira ganha forma, mas também sentido. Suas obras não disputam atenção — elas convidam à contemplação. É ali, longe do ritmo acelerado do mundo moderno, que ele encontrou na arte um lugar de paz e permanência.
Nascido em São Paulo, Marcos cresceu cercado por ferramentas, gestos criativos e uma herança artesanal profunda. Ainda criança, desmontava carrinhos e brinquedos apenas para reconstruí-los do seu jeito. Não era bagunça: era vocação em estado bruto. A arte corre em sua história familiar. O avô paterno era escultor em madeira; o avô materno fabricava carrinhos e gaiolas; a mãe dava vida a bonecas de pano, biscuit e peças em papel machê. Sem cursos formais, Marcos aprendeu observando, repetindo, errando e acertando — como manda a tradição.
O reconhecimento veio durante o 2º Salão de Presépios do Vale do Ribeira, promovido pelo Sebrae-SP e pelo Sindicato Rural/Senar, com apoio da Prefeitura de Registro e da Associação Arte da Terra. A abertura da exposição e a premiação ocorreram na noite de sexta-feira (12), no Mercado Municipal de Registro, reunindo artesãos de diversos municípios da região.
O concurso celebrou peças inspiradas na fé cristã, na tradição do presépio natalino e nos elementos naturais do Vale do Ribeira. Madeira, fibras naturais, cerâmica, sementes, tecidos e materiais recicláveis deram forma ao nascimento do Menino Jesus, reinterpretado com criatividade e identidade regional.
Além de Marcos Pereira Paschoa, o pódio foi composto por:
• 1º lugar: Cíntia Midori S. Habe (nº 7), com 237 pontos.
• 2º lugar: Henrique Rodrigues B. Cordeiro (nº 13), com 221 pontos.
• 3º lugar: Marcos Pereira Paschoa (nº 15), com 217 pontos.
A exposição permanece aberta ao público até 6 de janeiro de 2026, no Mercado Municipal de Registro. A iniciativa integra a ação Viva Ribeira, do plano de economia criativa “Dá Gosto Ser do Ribeira”, que busca fortalecer a geração de renda, valorizar a cultura local e elevar a autoestima dos pequenos empreendedores.
No fim das contas, Marcos não levou apenas um prêmio. Levou a confirmação de que tradição não é passado engessado — é futuro bem cuidado. Em tempos de pressa, ele segue esculpindo calma. E isso, convenhamos, vale muitos pontos.
