
São Paulo, 31 de janeiro de 2025 - Em meio ao caos de uma enchente repentina que transformou a estação Jardim São Paulo-Ayrton Senna do metrô em um verdadeiro rio, o desespero tomou conta dos passageiros. Entre eles estava Grazielle Feitosa, 24 anos, que enfrentou um dos momentos mais angustiantes de sua vida ao ver seu filho Samuel sendo levado pela correnteza.
O Desespero de uma Mãe
A forte chuva que atingiu a zona norte da capital paulista na última sexta-feira (24) pegou milhares de pessoas de surpresa. Grazielle desembarcava na estação quando percebeu que não conseguiria sair devido ao volume da água. Sem alternativas, subiu com o filho no corrimão e aguardou por ajuda.
"Um desconhecido se ofereceu para levar o Samuel para um local seguro, mas, no caminho, ele se desequilibrou e meu filho caiu na enxurrada. Foi desesperador. Pulei na água e consegui puxá-lo pela alça da mochila. Até bati as costas na catraca. Quando achei que não teria mais forças, o policial apareceu e nos ajudou", relembra a mãe.
Apesar do resgate bem-sucedido, Grazielle perdeu a mochila de Samuel, que continha todo o material escolar do ano. "Isso é o de menos. O que importa é que estamos vivos", concluiu.

O Policial que Virou Herói
O soldado Alexandre Valério, do 9º Batalhão Metropolitano, estava a caminho do trabalho quando ficou preso na estação devido à enchente. Ao perceber a gravidade da situação, não hesitou em ajudar.
"A água já estava na altura da cintura em alguns pontos. Minha maior preocupação era garantir que ninguém estivesse submerso", relatou o soldado, que passou a auxiliar os passageiros presos na estação.
Grazielle e Samuel foram apenas duas das cerca de 40 pessoas resgatadas por Valério e outros policiais militares que chegaram ao local para reforçar o socorro.

A Angústia de Quem Estava Ilhado
Entre os passageiros que aguardavam por ajuda estava a bancária Patrícia Souza, de 32 anos. Em meio ao pânico, enviou uma mensagem ao marido, o cabo Eduardo Ribeiro, do 5º Batalhão Metropolitano, que imediatamente reuniu mais dois colegas, o cabo Vinícius Galindo e o soldado Marco Antônio Araújo, para realizar o resgate.
"Eu via as pessoas sendo arrastadas e achei que seria a próxima. Algumas pessoas até se despediram dos parentes pelo celular", disse Patrícia.
A situação se agravou quando a correnteza começou a arrastar caixotes e cadeiras vindos de uma feira e de um restaurante próximos à estação. Durante os resgates, Valério e Ribeiro foram atingidos na perna por pedaços de madeira.

Fim do Pesadelo
Graças à atuação rápida e corajosa dos quatro policiais, todas as vítimas foram retiradas em segurança. "Eu só dizia que nada de ruim iria acontecer e que confiassem na gente", disse Ribeiro, aliviado ao reencontrar a esposa a salvo.
Após a tragédia, muitas vítimas procuraram os policiais para agradecer. "Ver tantas vidas salvas me deu ainda mais orgulho de vestir essa farda", finalizou Valério.
Reflexões e Consequências
Apesar do final feliz, a situação levanta questionamentos sobre os impactos das chuvas na cidade e a infraestrutura das estações do metrô para lidar com alagamentos. Especialistas apontam a necessidade de medidas preventivas para evitar novos episódios como esse.
Enquanto isso, para Grazielle e outras vítimas, fica a memória de um dia aterrorizante que poderia ter terminado de forma trágica, mas que, graças à coragem de policiais como Valério, acabou com um final heróico.
Por: Melquisedeque J Santos
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